Integrar as políticas públicas destinadas à juventude, desenvolver um novo modelo de educação mais moderno em sintonia com a sociedade do conhecimento e dar aos jovens a oportunidade de participar das escolhas feitas. Essas foram algumas das propostas apresentadas pelos participantes do II Fórum Ibero-Americano Fazendo Políticas Juntos, realizado no último dia 29 de abril, no Rio de Janeiro, para vencer os atuais desafios da educação de jovens. O principal deles é frear a evasão escolar no Ensino Médio, que atinge 50% dos alunos que ingressam neste nível de ensino.
Garantir à juventude mais oportunidades no campo da educação de forma a aumentar suas chances de inclusão no mercado de trabalho do futuro é, segundo a superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel, imprescindível para reduzir os índices de pobreza.
"Se a sociedade é agrária, bastam quatro anos para o indivíduo ser incluído. Se a sociedade é industrial, são necessários pelo menos oito anos de ensino. Em uma sociedade do conhecimento ou o cidadão termina o Ensino Médio ou não tem entrada no mercado de trabalho. O Ensino Médio é passaporte para ter qualquer tipo de inclusão. E é aqui que a transmissão intergeracional de pobreza acontece", explica Wanda.
Investir em direitos, serviços e políticas que garantam mais oportunidades para os jovens é a saída, de acordo com Wanda, para inverter o quadro de transmissão de pobreza. A crise econômica, no entanto, ela avalia, reduz a oferta de serviços, uma vez que cai a arrecadação, e ainda as empresas cortam seus investimentos sociais, bem como diminuem também a contribuição de organismos internacionais "Mas, por outro lado, a crise gera o aumento das demandas por parte da juventude, daí a necessidade de que as políticas sejam integradas e de que cada centavo seja aplicado com foco no resultado", afirma.
O secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, Danilo Moreira da Silva, reconhece que a efetividade dos programas para jovens é baixa em consequência da pouca integração entre as diferentes esferas de governo e os promotores, sejam da iniciativa pública ou privada, de projetos para a juventude. "O Estado nunca pensou de maneira articulada e integrada as políticas voltadas para a juventude. Falta também ouvir e dialogar com o jovem, reconhecer os movimentos juvenis, entender o que o jovem quer", afirmou Silva.
Para a secretária de Educação do Estado Rio de Janeiro, Tereza Porto, integrar é um desafio. A principal dificuldade em um primeiro momento é fazer com que a nossa secretaria se integre. "No Rio de Janeiro, temos um trabalho árduo que é criar uma política para integrar as 1.537 escolas da rede para que a partir daí tenhamos condições de integrar a Educação com outros setores do próprio governo, com a sociedade, com as empresas", afirma a secretária.
Ela ainda acrescenta: "A ferramenta óbvia é a tecnologia. Nós vivemos hoje na sociedade do conhecimento, em que a tecnologia é importante em todos os segmentos de desenvolvimento econômico, mas ela não é uma realidade na educação brasileira. O modelo de educação oferecido aos jovens não leva em consideração o impacto da tecnologia na evolução da sociedade", reconhece a secretária.
Distanciamento
A professora Maria Helena Magalhães de Castro, ex-secretária Estadual de Educação de São Paulo, acredita que a insatisfação dos jovens com o ensino médio é "total". Mas esse não é um problema exclusivamente brasileiro. "É no mundo todo. Na França, por exemplo, em 10 anos, o governo fez quatro reforma curriculares", citou Maria Helena.
De acordo com o coordenador do programa Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos, a juventude que chega à universidade pública é a nata da sociedade brasileira. "O grande drama social ainda são os jovens que estudam em escolas públicas. A violência entre os jovens muita vezes é fruto da ausência da educação e, quando falta educação, sobra violência", explica Ramos. Na América Latina, ele afirma, não há políticas públicas de médio e longo prazos. "E educação de qualidade não se faz a curto prazo", completa.
Para melhorar a educação pública, Ramos propõe cinco metas até 2022: todos de quatro a 17 anos na escola; todos aprendendo o que é certo para cada série; todo investimento em educação bem cuidado e ampliado; todos lendo e escrevendo até os 8 anos e todos formados no ensino médio até os 19 anos.
"Não vamos ter de fato um país independente se não mudarmos essa realidade. O jovem quer uma escola motivadora e se está desinteressado é porque não oferecem a escola que ele quer", finalizou Ramos.
Fonte: RedeGIFE ONLINE, 04/05/2009
Palavras-chaves: Fórum, Políticas Públicas, Juventude
Gestor da Informação: Julio Cesar dos Santos – Articulador Social
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