As conclusões fazem parte da pesquisa "Juventudes SP – Panoramas e Iniciativas com Foco na Juventude de SP", realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), por iniciativa da Comgás e apoio da Associação Cidade Escola Aprendiz. A obra mostra o que tem sido feito pelos jovens e, conseqüentemente, o que eles têm feito em suas cidades.
No levantamento, foram analisadas ações voltadas para jovens paulistas entre 15 e 24 anos de instituições sociais – incluindo os associados à Rede GIFE, como o Instituto Camargo Corrêa -- o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e de instituições públicas, como o Governo do Estado de São Paulo. Além disso, também foram realizados contatos diretos com os responsáveis pelos projetos.
Entre as 546 ações identificadas em todo o Estado, 99 foram utilizadas para a mensuração. De acordo com os dados registrados, 93,9% realizam ações para o desenvolvimento de competências e habilidades para o mundo do trabalho; 51% realizam algum tipo de acompanhamento pós-formação; 64% preocupam-se em formar jovens empreendedores.
O destaque da pesquisa, no entanto, é a pulverização dessas ações. Há uma concentração de ações sociais na capital (62,6%), enquanto 32,3% têm sede no interior - 5,1% atuam simultaneamente nas duas regiões. Mais da metade dos projetos têm abrangência municipal, 21% apresentam abrangência comunitária, 11% são de alcance estadual, 10% atingem a região metropolitana do estado e apenas 4% são nacionais.
Segundo o estudo, sem articulação ou padronização, essas iniciativas podem padecer da falta de sintonia com os cenários regional, estadual e nacional, resultando em um risco à eficácia de seus resultados, mesmo que respondam a necessidades locais.
No lançamento do "Juventudes SP – Panoramas e Iniciativas com Foco na Juventude de SP", o jornalista Gilberto Dimenstein, idealizador da Associação Cidade Escola Aprendiz, afirmou que a explicação para isso se dá pela histórica desatenção ao segmento. "A política pública para o jovem é a mais atrasada", disse.
Fazendo coro ao jornalista, a representante da Coordenadoria de Programas para Juventude do Estado de São Paulo, Mariana Montoro, disse que o atraso das medidas públicas para a faixa etária é cultural. "Não olhamos para política de modo transversal".
Com base nessa constatação, a publicação aponta três desafios: constituir uma rede com função de dar suporte às escolhas e aos projetos dos jovens, articular as diversas organizações e elaborar um projeto conjunto no qual o poder público local e outros atores da sociedade civil participem da iniciativa de construir oportunidades para o público juvenil.
"Trata-se de um estudo muito bem-vindo porque, apesar do foco crescente sobre o tema da juventude, ainda se faz necessário avançar muito na produção de conhecimento, informação, análise e reflexão. Pois, se podemos comemorar o crescimento do número e o alcance das ações dirigidas aos jovens nos últimos anos no nosso país, ainda há muito que avaliar a respeito do enfoque e dos objetivos que orientam essas ações. Por isso faz-se importante a análise crítica dos conceitos e das diretrizes que estruturam e são reforçadas por essas intervenções", acrescenta a socióloga Helena Abramo, que assina o prefácio do livro.
Por que jovens?
O Brasil deixa de crescer meio ponto percentual por ano, em função dos problemas da juventude. "Em 40 anos deixaremos de ganhar R$ 300 bilhões, 16% do PIB (Produto Interno Bruto)", afirma a diretora-executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engels.
Diferentes pesquisas corroboram para essa visão. De acordo com o relatório Jovens em Situação de Risco no Brasil, divulgado pelo Banco Mundial em 2007, as taxas de desemprego excepcionalmente altas entre jovens de 16 a 24 anos resultam em rendimentos anuais perdidos de até R$ 1,2 bilhão.
Pelo levantamento, um em cada cinco jovens trabalha e estuda simultaneamente e 60% dos brasileiros entre 15 e 19 anos são trabalhadores não-pagos ou sem carteira de trabalho assinada. São dados preocupantes que terão um impacto extremamente negativo a curto e longo prazo.
Outra pesquisa, esta realizada pelo Ipea, mostrou que cerca da metade do total de desempregados no Brasil tem entre 15 e 24 anos. Segundo os dados do estudo, a proporção entre o número de jovens desempregados e o total de pessoas sem emprego no País era de 46,6% em 2005, a maior taxa entre os dez países pesquisados. No mesmo período, no México, esta proporção é de 40,4%; na Argentina, de 39,6%; no Reino Unido, de 38,6%; e, nos Estados Unidos, de 33,2%.
A pesquisa chama atenção também para a defasagem escolar. De acordo com o estudo, cerca de 34% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no ensino fundamental, enquanto apenas 12,7% dos jovens de 18 e 24 anos freqüentam o ensino superior. Em suma, com o aumento da idade diminui a freqüência de jovens à educação escolar.
Com esse pano de fundo, o Instituto Unibanco promoverá nos dias 4 e 5 de dezembro, em São Paulo, o seminário "A Crise de Audiência no Ensino Médio". O evento terá como objetivo discutir o alto índice de evasão escolar entre jovens e os fatores que atraem e afastam o aluno do Ensino Médio.
O encontro reunirá secretários de educação, representantes do MEC, empresários, pesquisadores, profissionais de universidades e membros de institutos, fundações e ONGs, que farão um balanço dos indicadores da evasão escolar nos níveis local, regional e nacional, de forma a avaliar a dimensão do problema.
Fonte: redeGIFE ONLINE, 24/11/08
Palavras-chaves: Programas, Jovens, Juventude
Gestor da Informação: Julio César dos Santos – Articulador Social
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