ESCRITORES DA LIBERDADE: UMA RENOVAÇÃO PROFISSIONAL
Acabei de assistir pela terceira vez o filme "Escritores da Liberdade". Novamente chorei. Mas não foi um choro motivado apenas pelo enredo do filme, mas de reafirmar o quanto ser professor é nobre, de acreditar que vale a pena, mesmo diante de tantos desafios, lutar em prol de uma vida melhor para todos.
O filme mostra a situação de uma das escolas públicas americanas, quando da implantação do sistema integrado (posso chamar de Inclusivo), realizado
Uma professora jovem, chamada Erin Gruwell, se depara com alunos pobres, sem projetos de vida, inseridas e dominadas por culturas diferenciadas (negros, latinos, asiáticos, brancos), onde tudo se resolvia na base da violência, de acordo com as ordens de cada tribo/gueto, sem a possibilidade do diálogo intercultural.
Muitas reflexões suscitam ao assistir este filme. Frases de efeito das personagens, tais como: "a luta pela igualdade começa na sala de aula"; "você é professora porque tem convicção"; "conheça a cultura e conseguirá muito", não estão muito distantes de nossa realidade. Entristece-me ver como nos deparamos com o discurso do "não-posso", que inclusive tratei em artigo anterior, intitulado "Barbárie Escolar: Como Assim?!", do descrédito de que os problemas sociais não têm solução.
Essa professora mostrada no filme, nada mais fez do que sair de sua "postura professoral" (apenas como detentora de saber), e se colocar junto, presente, próxima, aberta, livre para tratar de questões pedagógicas, sociais, afetivas e pessoais.
Será isto muito difícil em nossa educação atual?
Está mais do que comprovado que quando nos colocamos diante dos outros como detentores do saber (ou do poder), pouco conseguiremos com essa iniciativa. Ao estabelecermos um diálogo não devemos partir do pressuposto de que temos a verdade absoluta, pois, se assim nos direcionarmos não será um diálogo, mas sim, um monólogo. Devemos nos colocar na postura de escuta, de aprendizagem, de crença nesses nossos alunos, de acreditar que eles têm vida própria, cultura, sentimentos e razões, em muitos casos.
Tudo bem que posso ouvir várias afirmativas como: "isso é filme", "isso é teoria", "na prática é outra coisa", tudo bem! Mas, não tirem a esperança de um jovem professor, ou ainda mais, não façamos com nossos colegas recém-formados da academia, como muitos fizeram conosco, nos "contaminando" com o discurso da impossibilidade, com o discurso da desesperança, ou com o discurso de que lutar pelos outros não vale a pena. Façamos da escola um espaço de aprendizagem, não apenas pedagógico, mas de vida, esperança, solidariedade, fé e de diálogo.
Prof. Rafael Adriano de Oliveira Severo
Mestrando em Educação – Pedagogo
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