terça-feira, 21 de abril de 2009

TEXTO-FORMAÇÃO PROFISSIONAL

SINERGIA E O TRABALHO EM EQUIPE

- Um Relato de Experiência Formativa -

 

Rafael Adriano de Oliveira Severo[1]

 

Sinergia. Foi a partir dessa palavra pouco conhecida no meio sócio-educacional, que teve início um trabalho de formação continuada aos educadores do Centro Juvenil Salesiano, instituição social localizada na região da Pampulha, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Trabalho este, no qual estive presente, enquanto educador da instituição, que foi honrosamente ministrado pelo Prof. Ms. Claudio Rosa Bastos, um grande profissional e um grande amigo.

O filme "Doze Homens e Uma Sentença" serviu-nos como subsídio teórico-metodológico para a realização de uma grande e rica discussão a posteriori, mobilizando saberes experienciais e reflexões acerca do nosso lugar enquanto profissional da área social.

O objetivo deste texto é antes de tudo expressar minha satisfação na participação e contribuição com o trabalho realizado, e também acredito que aqui serão apresentadas considerações que muito contribuirão com o entendimento acerca da "sinergia", e na formação de outros profissionais sociais.

Sinergia significa, basicamente, a "junção" de forças em prol de um trabalho, em prol de uma missão; significa ainda, trabalho que se converge, o entendimento de uma missão e o processo de trabalho em equipe, em busca da realização da mesma.

Pergunto-me: O entendimento de uma missão é suficiente para o trabalho sinérgico? Quais são as competências e habilidades necessárias ao trabalhador social para que aconteça a sinergia na realização da missão sócioeducativa? Essas são perguntas que não pretendo responder, mas sei que servirão de base para outras reflexões e outros momentos formativos. Mas, algumas certezas nos são explícitas, a de que devemos ter claro que estamos trabalhando com um sujeito, com uma pessoa humana detentora de uma história singular e, ao mesmo tempo plural, de saberes pessoais que são extremamente importantes na percepção do trabalho sócio-educativo que ora desempenhamos.

Ao considerar nossos companheiros de trabalho (educadores) e nossos educandos, como pessoas que tem vez e voz, nos deparamos com uma certeza, de que a verdade não é absoluta e que estamos diante de "várias verdades". E a meu ver aqui se estabelece o primeiro desafio para o trabalho sinérgico: saber ouvir e permitir ouvir outras verdades, de pensar que a nossa própria opinião não é única, não é a mais verdadeira e nem a que tem mais valor.

Quando nos colocarmos numa atitude de compreensão do outro, o entendimento de nosso trabalho específico torna-se um elemento potencial para a realização de uma missão, que inclusive pertence a todos. Mas, cabe ressaltar que, o trabalho social não é para qualquer pessoa, pois se exige que o profissional social seja um sujeito com um conhecimento acerca da área e suas nuances, que seja um profissional em constante busca do aprendizado acerca de sua e de outras áreas do conhecimento, com o intuito de compreender os sujeitos que ora nos apresentam; e que seja um profissional amadurecido para o trabalho social, pois assim a sinergia, em prol de uma missão, acontecerá de forma consciente, profissional e com grandes possibilidades de eficácia. O profissional social precisa ainda, se encontrar, permitir-se uma auto-análise com o objetivo de ter uma clareza acerca do seu papel, do papel da instituição e, mais amplamente, do papel social.

Escutar, ser flexível e não ter um comportamento omisso são características importantes, enquanto posicionamento profissional e enquanto realização de um trabalho sinérgico. O sujeito que se coloca em posição de ouvir o que o outro tem a dizer, de elaborar suas falas e ser pertinente com o que diz, gera uma segurança no grupo e uma confiança em lidar com as possibilidades de erros; a flexibilidade é condição para que o trabalho, até então planejado, possa ser revisto e os caminhos possam ser repensados pelo grupo, sempre tendo como foco a missão e os destinatários principais envolvidos no trabalho concernente à instituição; e, o comportamento não-omisso diz respeito ao sujeito se colocar no mundo, se posicionar, ser consciente de que seu papel é constituído de uma história, e que só vai contribuir com a história alheia, com o amadurecimento pessoal e profissional de si e dos outros, e com o crescimento do grupo, se este se colocar e se permitir essa "metamorfose" profissional.

Acredito que tais considerações são pertinentes para as reflexões acerca da sinergia; mas, trata-se de um texto simples e objetivo de um eterno aprendiz, de alguém que tem a plena convicção de que o aprendizado acontece durante uma vida toda.



[1] Mestrando em Educação. Especialista em Coordenação/Supervisão Pedagógica. Pedagogo. Professor e Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu (CESG). Educador Social / Coordenador do Supletivo e Pré-Vestibular Dom Bosco (CJS – Centro Juvenil Salesiano – BH). É pesquisador sobre a Formação e o Trabalho Docente. E-mail: oliveiraeduca@yahoo.com.br.



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